domingo, 28 de fevereiro de 2010

GUERRA AO TERROR, 2009, DE KATHRYN BIGELOW

It's where we hadn't been, it's where the enemy still was, and it's where the population is,"
(a senior Administration official).




Assisti ontem a dois filmes bem diferentes entre si. Na sessão de 16h30, assisti "Simplesmente Complicado" (It's Complicated), escrito e dirigido por Nancy Meyers e às 21h10 "Guerra ao Terror" (The Hurt Locker), dirigido por Kathryn Beglow com roteiro de . O primeiro é uma comédia romântica com Meryl Streep, Alec Baldwin e Steve Martin e o segundo conta com atores menos populares como Jeremy Renner e Anthony Mackie.

Guerra ao Terror foi uma iniciativa militar deflagrada pelos Estados Unidos após o atentado do dia 11 de setembro e teve o intuito de criar uma ofensiva contra os ataques aos Estados Unidos" e para isso o país invadiu e ocupou os territorios do Afeganistão e Iraque em 2001. A estratégia militar deu-se no governo de George W. Bush que deu à guerra uma conotação religiosa ao atribuir epitetos como "Cruzada contra o Terror" e "Eixo do Mal". Com base nisso, o Mark Boal escreveu o roteiro que, nas mãos de Katryn Beglow, se transformou em um filme completamente diferente de qualquer um outro do gênero. 

O filme é feito com a câmera na mão,  dando maior movimentação às cenas e efeito de realidade. Além disso, o filme provoca reações distintas se compararmos a alguns outros do gênero, pois ele não incita o ódio e dificilmente o espectador toma algum partido, apesar da protagonização ser norte-americana. O seu final quebra com a linearidade da  narrativa tradicional com começo meio e fim e mostra um tempo cíclico, com ações e espaços sendo revisitados rotineiramente, informando ao espectador com profundidade que um novo dia para aqueles militares nada mais é do que o recomeço do anterior. É um filme que não faz jorrar sangue na tela, apenas uma cena forte quando o protagonista retira um explosivo de dentro do abdomen do menino. Fora isso, é um filme de pouca peripécia e confrontos violentos, se comparado aos clássicos como Platoon, de Oliver Stone. Até mesmo a masculinização é atenuada e a troca de socos entre os militares nos faz lembrar as brincadeiras de menino.

Guerra ao Terror é um misto de força bruta com dilemas existencias, pois o filme é um convite para o espectador implodir do que explodir, já que o lança para a reflexão e não para a comoção. Saímos do cinema estranhos, com uma sensação de desconforto porque o filme não nos apresenta uma solução, nem uma saída, ao contrário, nos deixa desconfortáveis e com uma sensação de que o problema  persiste. Nada parece fazer sentido aos olhos daqueles militares. Eles vão para um outro país desarmar bombas espalhadas pelas ruas ou pelos corpos das pessoas.


A fugacidade da vida e a consciência de que estão cumprindo uma tarefa pela qual sequer serão lembrados deixam os soldados imersos em uma atmosfera de incertezas quanto as chances reais de saírem vivos. A cada missão um risco.  De forma magistral, Bigelow nos mostra uma guerra sem heróis, onde um dia é apenas uma tênue linha que separa a vida da morte. Os close ups das cenas mostram o interesse em captar as emoções dos militares e são raras as passagens em que há o contato físico o que geralmente ocorre com os filmes tradicionais de guerra. Nesse, Bigelow enfatiza a inteligência, o autocontrole, as emoções, enfim, uma guerra subterrânea tal como os explosivos escondidos nas ruas iraquianas e afeganistãs.  

Se o filme vai ou não ganhar o Oscar, eu não sei, mas penso que ele destaca um momento muito delicado e vivo na memória recente dos norte-americanos, em relação a 11 de setembro, e atual, já que as investidas militares ainda continuam. 

FICHA TÉCNICA

título original:The Hurt Locker

gênero:Drama
duração:02 hs 11 min
ano de lançamento:2009
site oficial:http://www.thehurtlocker-movie.com/
estúdio:First Light Productions / Kingsgate Films / Grosvenor Park Media
distribuidora:Summit Entertainment / Imagem Filmes
direção: Kathryn Bigelow
roteiro:Mark Boal
produção:Kathryn Bigelow, Nicolas Chartier, Mark Boal e Greg Shapiro
música:Marco Beltrami e Buck Sanders
fotografia:Barry Ackroyd
direção de arte:David Bryan
figurino:George L. Little
edição:Chris Innis e Bob Murawski

Fonte: www.adorocinema.com.br (ficha técnica)

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