quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Catherine Hardwicke

Segundo a Folha Online, em 08/12/2008, "no fim de semana de estréia nos EUA, a produção [do filme Crepúsculo] rendeu US$ 69,6 milhões (R$ 172 milhões) nas salas de cinema. Foi a maior bilheteria de estréia para uma diretora nos EUA (grifos meus). O investimento em torno da publicidade do filme foi muito grande, mas não podemos deixar de registrar que a adaptação foi fidedigna ao romance homônimo de Stephanie Meyers (Twilight) e que o filme conseguiu alcançar o seu propósito usando os recursos que o cinema disponibiliza. Destacar a atuação de cineastas mulheres a meu ver é extremamente importante, considerando que o espaço da direção vem se organizando através de um "male gaze", e que muitas vezes as mulheres se apropriam de um código já estabelecido para entrar na disputada carreira cinematográfica.

No entanto, acredito que chegar a esta competitiva indústria cinematográfica hollywoodiana não deva ser uma tarefa fácil, por isso penso que vale a pena acompanhar os trabalhos das diretoras, pois é um território ainda pouco ocupado por mulheres. Às vezes pode soar exagerado, mas conhecendo a história do cinema (o que venho fazendo aos poucos) fica visível que a profissão de cineasta, assim como outras profissões, tiveram início com os homens, já que os espaços público e privado foram sexualmente divididos desde a ascensão da burguesia, excluindo as mulheres de atividades que não fossem voltadas para o âmbito doméstico.

Estou falando de uma classe média, a mesma que, ao assistir o filme Crepúsculo, correu para as livrarias para adquirir um exemplar, alguns compraram o box com os quatro livros. A classe popular tem mais dificuldade, mas pode ler rapidinho nas livrarias. Vi uma menina vestida com farda escolar que lia concentradamente um exemplar do romance A Hospedeira, de Stephanie Meyer, a mesma autora de Crepúsculo. Este livro já custou R$40,00, mas hoje na promoção sai por R$36,00. Para uma grande parte da população, é um produto caro. Restam o cinema ou o DVD.

Para aqueles e aquelas que questionam o problema de adaptação do romance para o filme, sentindo falta de algumas partes, lembro-lhes que a linguagem literária é diferente da linguagem cinematográfica e que transformar um texto literário em roteiro para em seguida dar movimento audiovisual não é uma atividade tão fácil, não pela parte técnica, mas porque a adaptação depende muito do olhar de quem lê e de quem interpreta e seleciona as partes do livro como sendo passagens importantes para serem filmadas. O leitor pode considerar uma outra passagem, mas a escolha é criteriosa, pois deve-se escolher, penso eu, trechos que crie uma "costura", encadeie a narrativa fílmica e faça sentido no filme, dentro da linguagem cinematográfica, sem distorcer o propósito do livro. Assim, podemos subjetivamente ter gostado mais de uma passagem do que de outra, mas o que importa mesmo é, enquanto cena, que impacto ou efeito terá no conjunto da narrativa fílmica.

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