domingo, 4 de janeiro de 2009

A Governanta (The Governess, 1988), de Sandra Goldbacher


O filme "A governanta" foi o primeiro longa dirigido por Sandra Goldbacher que também assina o roteiro. A ficha técnica é formada predominantemente por mulheres: direção e roteiro (Sandra Goldbacher), produção (Sarah Curtis), edição (Isabelle Laurente), design de produção (Sarah Greewood) e figurino (Caroline Harris). O filme é ambientado na Inglaterra do século XIX (1840) e narra a história de uma governanta judia que, disfarçadamente, trabalha na casa de uma família aristocrática na qual vive um pesquisador em fotografia, seu patrão, um homem de aproximadamente 60 anos. A sua personalidade determinada, o interesse pela ciência e pelo conhecimento, a torna assistente de laboratório. Assim como o filme Camille Claudel, de 1988, a paixão pela fotografia a faz apaixonar-se pelo pesquisador. Nesse ínterim, durante o ritual do Pessach (Páscoa), em seu quarto, acidentalmente, ela descobre que a salmora de ovo ajuda a fixar a imagem:
"Ao rezar sozinha o Pessach (Páscoa) a moça causa um pequeno acidente com a salmora do ovo (e quem é judeu entende a importância da salmora e o monte de significados que tem aquela oração). A salmora respinga numa foto e ela descobre que é a salmora que ajuda a fixar a imagem no papel, justamente a grande pesquisa científica que seu patrão passa horas estudando no laboratório." (Sheila Meyer)
No entanto, essa descoberta é patenteada pelo pesquisador que, com um falso "nós descobrimos", se apropria da idéia. A crise do casal inicia quando ela o fotografa nu, dormindo. Os motivos podem ser aparentes, como uma questão moral vitoriana, mas também podem ter dimensões maiores, pois o talento da personagem extrapola, sem excluir, o cientificismo e os motivos financeiros. A fotografia torna-se arte nas mãos da assistente que, ciente de suas habilidades, demite-se do emprego de governanta e abre em Londres (o filme se passa na Escócia) um estúdio que a torna bastante conhecida e bem-sucedida, abraçando a fotografia como arte e profissão.


2 comentários:

  1. Parabéns, Sra. Leiro. Começou bem seu blog e ganhou um leitor louco pela sétima arte.

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  2. Obrigada Sr. Anônimo. Espero que o blog continue agradando.

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