domingo, 28 de novembro de 2010

CORALINE, de Henry Selick, 2009

Escrever sobre animação será mais freqüente entre as minhas análises fílmicas, já que estou envolvida com disciplinas e projeto de pesquisa que favorecem o estudo de filmes feitos para o público infantil e juvenil, o que, obviamente, não tira a seriedade da abordagem, do estudo. Já tinha, em outra postagem, feito uma leitura de Alvin e os Esquilos 2, de Betty Thomas. Como  direção de mulheres em animação é bem mais rara, decidi postar um reflexão sobre um filme dirigido por um homem, mas cuja protagonista é uma menina.

O filme de animação de Henry Selick é todo feito a partir da técnica stop motion que utiliza modelos reais – em geral massas de modelar – e que são filmados quadro-a-quadro, em linguagem cinematográfica, fotograma por fotograma. É uma dessas animações que nos chama a atenção não apenas pela técnica, mas pelo tema e tratamento dado a ele. Coraline nos remete ao ambiente gótico, misterioso, com doses de suspense e terror. O traço longuíneo do desenho faz referência ao estilo gótico, reforçando o caráter sombrio e de perigo à sua personagem. É um filme ambientado em uma atmosfera sombria, lúgubre, quase toda escura, bem dentro da proposta do romance do escritor britânico Neil Gaiman, do qual o filme foi adaptado.

O filme pode ser resumido da seguinte forma: Coraline muda-se com seus pais para uma velha mansão intitulada Casa Cor-de-Rosa (como ocorre também com As Crônicas de Spiderwick, cuja família também se muda para uma mansão quase em ruínas). Coraline é filha única de um casal que é mostrado sempre em atividade profissional. A visão que a personagem tem de sua família é a que se quer passar para o espectador: pais muito atarefados com seus projetos profissionais e que pouca atenção é dada a ela. O ponto de vista da menina chega aos olhos do espectador que não leva muito tempo para perceber que ela está insatisfeita com a forma que seus pais a tratam e que, por isso, cobra mais atenção dele. Ela também põe em questão o modelo familiar em que vive, com papéis de gênero não tão bem demarcados, já que os pais não são vistos desempenhando os papéis convencionais. Tanto a casa quanto o jardim estão abandonados, pois os pais estão envolvidos com o trabalho.

Na concepção da protagonista, os pais deveriam dar mais atenção a ela, assim como a casa e o seu entorno. Curiosamente, os dois realizam as atividades profissionais em casa, colocando em questão a divisão sexual dos espaços de trabalho em pública e privada, já que ambos estão no mesmo espaço. Porém, a questão não é mais espacial, mas diz respeito agora a busca de equilibro entre as atividades profissionais e as atividades familiares. O curioso é que na divisão das tarefas domésticas, o pai fica responsável em fazer as refeições, o que é questionado pela filha, pois não gosta do tipo de comida que o pai prepara, chegando mesmo a questionar o motivo pelo qual a sua mãe não a faz. Na divisão das tarefas, explica a mãe, o pai ficou com esta parte. De certa forma, a mãe aparece no desenho com atitude mais positiva do que o pai, meio desligado e apático.

Neste ínterim, Coraline tem acesso a uma boneca que é a sua semelhança, mas que possui botões no lugar de olhos. O desejo de Coraline é que seus pais possam lhe dar mais atenção e por conta disso, ela chega a desejar outro tipo de arranjo familiar. O cartaz do filme é emblemático: uma porta que lança uma rajada de luz em seu rosto que encantado e ao mesmo tempo surpreso encara a passagem como um meio para alcançar o seu desejo. A frase: “be careful what you wish for” destaca exatamente a palavra “desejo” (wish) e “careful” (cuidado), apontando para um possível perigo por desejar algo que não possui. Ao atravessar uma porta encantada, Coraline entra em contato com outra casa na qual está uma cópia dos seus pais, porém com botões no lugar de olhos. Esta casa é vista, a princípio, limpa, arrumada, decorada, e seus pais cumprindo as tarefas tradicionais de gênero: a mãe cuidando da casa e o pai do jardim todo desenhado na forma de seu rosto. O problema é que toda aquela “perfeição” sufoca Coraline que, extremamente paparicada pelos pais, passa a ficar aterrorizada com o excesso de zelo, de presença dos dois. Uma presença sinistra que a apavora. Percebe que a mãe “perfeita” é uma mulher má e o seu pai “perfeito” é um fantoche nas mãos da esposa. Depois de mil peripécias, Coraline consegue escapar do mundo dos “botões” e volta para a sua verdadeira casa na qual passa a ter outra visão de seus pais. A forma pela qual Coraline passa a vê-los, quando “retorna” do mundo aterrorizante paralelo, faz com que os enxreguem de forma mais complacente e esta percepção é mostrada ao espectador diante da mudança de comportamento dos pais. Os pais mudaram ou a filha passou a vê-los de forma diferente motivada pelo contato com outra experiência?

O protagonismo de Coraline chega a ser marcante, já que trata de uma menina que atravessa praticamente sozinha as desventuras de encontrar o ponto de equilíbrio entre aquilo que deseja e o que tem de fato, levando-a a ser mais indulgente com os pais. Do ponto de vista de gênero, o filme avança ao trazer uma menina auto-suficiente, mas que vive também as limitações de sua idade. Forte e determinada a conseguir realizar o seu desejo, Coraline mostra-se também impotente ao perceber que não tem ainda maturidade para enfrentar certos obstáculos. Imprensada e sem liberdade em seu mundo mágico e “perfeito”, volta-se para a realidade e percebe nele a alegria de ser livre, com todas as imperfeições.



título original:Coraline
gênero:Animação
duração:1 hr 41 min
ano de lançamento: 2009
direção: Henry Selick
roteiro: Henry Selick, baseado em livro de Neil Gaiman
produção: Claire Jennings e Mary Sandell
música: Bruno Coulais e They Might Be Giants
fotografia: Pete Kozachik
direção de arte: Phil Brotherton, Jamie Caliri, Tom Prooste e Dawn Swiderski
figurino: Phil Brotherton, Jamie Caliri, Tom Prooste e Dawn Swiderski
edição: Christopher Murrie e Ronald Sanders
efeitos especiais:Gentle Giant Studios

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

VERSÃO MAIS RECENTE DE CHAPEUZINHO VERMELHO



A diretora do filme Crepúsculo (Twilight), Catherine Hardwick, vai lançar o seu mais novo filme intitulado  "Red Riding Hood", em português A Garota da Capa Vermelha (ou seja Chapeuzinho Vermelho, nome possivelmente substituído por aludir ao conto infantil e o filme parece ter outra proposta).

Vivemos um momento de revisitação aos textos que fazem parte do imaginário ocidental, o que pode facilitar o sucesso de bilheteria de um filme, levando o espectador mais facilmente a adesão (ou até mesmo identificação), pois verá no filme elementos reconhecíveis, que façam sentido.

Um dos sentidos se dá pela referência ao conto Chapeuzinho Vermelho, mas há também referência ao mito do amor romântico com os seus mitologemas: o amor proibido, o mistério, o perigo, a disputa, entre outros. Somado a tudo isso, temos o elemento fantástico.  

A protagonista nos faz lembrar tantas outras personagens centrais. A questão é: o filme funciona como escape ou como sedimentação do que já existe? Por que ativar a memória coletiva a partir de uma narrativa popular onde as mulheres correm riscos e são disputadas por homens? Que tipo de discurso de empoderamento é este? O que temos no nosso mundo real que faz lançar os jovens a narrativas seculares permeadas de herois e heroinas, de bons e maus, de desejos aparentemente irrealizáveis, mas que ao final são alcançados? O que essas narrativas trazem de novo (além dos efeitos especiais) e que possam responder às expectativas dos jovens hoje?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

SOMONE DE BEAUVOIR NO CINEMA DE ANIMAÇÃO

Em um dos clássicos do cinema de animação produzido nos anos 80, Uma Cilada para Rober Rabitt, (Who Framed Roger Rabbit, 1988), dirigido por Robert Zemeckis, há uma referência à célebre frase da feminista Simone de Beauvoir. A conhecida frase é: Não se nasce mulher, torna-se mulher que virou base para a discussão de gênero, distinguindo as diferenças sexuais (aspecto biológico) das desigualdades de gênero (papéis sociais/cultura) . No filme, a personagem Jéssica, uma retextualização da versão Gilda para o desenho de animação, pronuncia parodísticamente o mote beauvariano: "Eu não sou má, apenas me desenharam assim". Assim como a teórica francesa aponta para uma dessencialização dos papéis sociais, dizendo que as mulheres são constructos sociais, o enunciado da personagem feminina no filme, faz referência também ao aspecto cultural, que passa pelo olhar de quem desenha as personagens. No entanto, existe na fala da personagem, a meu ver, um certo determinismo irônico, na medida em que, depois de pronta, a personagem cumpre o seu destino dentro de uma estrutura (social) interna do filme, que está na base do pensamento ocidental cristão que é o maniqueísmo atrelado ao gênero (mulher-anjo x mulher-demônio), mas fazendo de uma forma que soa como uma crítica, pois ela tem consciência de que os seus autores são os responsáveis pela sua conduta, eximindo-se de qualquer responsabilidade dos seus atos, o que pode parecer estratégico dentro do manual de sobrevivência.

A mulher no plano real, embora seja um constructo social, ela pode reverter a sua condição, mas a personagem é resultado da ação direta do homem, que a prende entre os seus valores de gênero, o pincel e o papel. A personagem não se rebela contra o seu criador porque é uma construção deste. E a menos que os criadores mudem a sua visão, as personagens continuarão respondendo às significações de quem as desenha, lhes dá vida dentro de uma estrutura social. É com base nisso que Jéssica ironicamente devolve aos seus criadores o veneno que a moldou, ao referir-se, em um jogo metalinguístico, ao próprio fazer artístico, mostrando que o desenho é uma representação, um constructo que reflete e refrata as regras sociais.  

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Luz, Câmera... Ação Mulher!

Em novembro: Ação Mulher - IV Festival do Audiovisual

A Mostra Competitiva de Vídeo e Curta Metragem recebe inscrições até dia 19 de novembro.

Propiciar um panorama da produção audiovisual realizada por mulheres do Brasil, Portugal e países da África lusófona. Este é o objetivo do Ação Mulher - IV Festival do Audiovisual, uma realização da Curinga Produções Artísticas e do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia. O evento ocorrerá de 22 a 27 de novembro de 2010, no Recife, Pernambuco.

Em sua quarta edição, o Festival promove a 1ª Mostra Competitiva de Vídeo e Curta Metragem para cineastas e produtoras de audiovisual brasileiras, portuguesas e países da África Lusófona. Até dia 19 de novembro estarão abertas as inscrições para os/as interessados/as em participar da Mostra. Poderão se inscrever obras onde mulheres sejam integrantes da equipe principal (direção, roteiro, montagem, fotografia, produção, dentre outras) e cujas temáticas enfoquem as conquistas das mulheres em prol da autonomia, independente de raça, etnia, classe social e nacionalidade.

“A mulher pode ter participado do filme em qualquer função, diretora, roteirista, produtora, o importante é que exista uma ou mais mulheres na equipe”, esclarece a idealizadora do evento, a escritora e produtora cultural Maria Áurea Santa Cruz, que assina a direção do Festival. O ineditismo dessa proposta é apresentar para o público do Nordeste do Brasil o cinema feito por mulheres de três continentes marcando uma nova perspectiva da produção audiovisual, como fator catalisador de integração e reflexão desse trabalho, tanto em película, como em vídeo digital, provocando uma discussão sobre a presença da mulher na sociedade, seu universo cotidiano, as questões culturais de ordem étnica e de empoderamento político.

O Regulamento e a Ficha de Inscrição da Mostra de Vídeo e Curta Metragem estão disponíveis no site oficial do Festival (www.audiovisualmulher.com) e no site do SOS Corpo (www.soscorpo.org.br). Os prêmios conferidos às categorias Vídeo e Curta Metragem somam R$ 12.000,00 (doze mil reais). Distribuídos da seguinte forma: Categoria Vídeo - 1º Lugar: R$ 2.000,00; 2º Lugar: R$ 1.500,00; 3º Lugar: R$ 1.000,00. Já na Categoria Curta Metragem os valores são: 1º Lugar – R$ 3.500,00; 2º Lug ar – R4 2.500,00; 3º Lugar – R$ 1.500,00.

Além da Mostra, o Ação Mulher - IV Festival do Audiovisual abrange em sua programação: oficinas, palestras, debates, formação de novas plateias e reflexão sobre a relação de gênero – tudo pensado para debater o olhar e o posicionamento da mulher no universo audiovisual e na sociedade.

OFICINAS - A programação do Festival abrange a Oficina de Interpretação para Cinema e Vídeo, que será ministrada por Cibele Santa Cruz, e a Oficina de Produção, Roteiro e Direção, pela Equipe de Produção Stellla Zirmmerman. A Oficina de Interpretação para Cinema e Vídeo tem como objetivo despertar a educação artística do audiovisual. O participante poderá observar o seu próprio crescimento percebendo nuances de interpretação que são necessárias para a comunicação nessa linguagem. Já a Oficina de Produção, Roteiro e Direção, intitulada “O Olhar dos Outros”, pretende estimular a percepção de seus participantes e criar espectadores mais maduros e analíticos para uma recepção imagética com exercícios práticos e teóricos, fundamentais a realização do audiovisual. Essa aprendizagem irá resultar na produção de um curta-metragem de ficção, em sistema HDV (vídeo digital de alta definição) a ser realizado pela equipe, com base num argumento, fruto de um pequeno conto literário. As inscrições nas oficinas são gratuitas e já podem ser feitas no site www.audiovisualmulher.com

HOMENAGEM – Em 2010, o Ação Mulher prestará homenagem a três mulheres: Tarciana Portella, Chefe da Representação Regional do Ministério da Cultura, cineasta, jornalista e poeta brasileira que dedica sua arte à cultura de Pernambuco e do Nordeste; Vera Baroni,
Advogada com especialização em Direito do Trabalho, Direitos Humanos e Saúde Coletiva, representante da Rede de Mulheres de Terreiro de Pernambuco; Rose Marie Muraro, intelectual, feminista, escritora e editora publicou diversos livros inovadores do ponto de vista dos valores sociais modernos. Esta edição do Festival também vai ressaltar datas marcantes para o feminismo, como os 100 anos da passeata organizada, em 19010, pela professora Deolinda Daltro, uma das sufragistas brasileiras, fundadora do Partido Republicano Feminino que defendia a extensão do voto às mulheres, como elemento através do qual pudesse ser reformada, a situação política na “Republica Velha”. Este ano comemora-se os 50 anos da visita ao Recife (em 1960) da famosa escri tora francesa Simone de Beauvoir, autora do livro “O Segundo Sexo” uma obra vasta, dividida em dois volumes, bem documentada e alicerçada na lógica e no conhecimento da condição feminina. E ainda os 40 anos da marcha organizada por mulheres norte-americanas, em 26 de agosto de 1970, quando milhares de mulheres foram às ruas em Nova York, Washington, Boston, Detroit e várias outras cidades do país lideradas pela feminista Betty Friedam.

HISTÓRICO - Idealizado pela escritora, produtora cultural e feminista Maria Áurea Santa Cruz em parceria com a REC Produtores, o Ação Mulher - Festival do Audiovisual teve sua primeira versão em 2003, na cidade do Recife, sendo o primeiro no gênero a ser realizado no país com uma programação voltada para a produção de cineastas brasileiras. No ano de 2004, o Ação Mulher foi reeditado acontecendo novamente nos dias 08, 09 e 10 de março. Nos anos de 2005, 2006 o Festival do Audiovisual Ação Mulher foi interrompido com a ida da produtora Maria Áurea, para uma temporada de dois anos na cidade de Nova York. O III Festival do Audiovisual Ação Mulher aconteceu nos dias 16, 17 e 18 de junho de 2008. Foram ministradas três oficinas de produtos audiovisuais para mulheres do meio popular e jovens em vulnerabilidade social. Depois de cumprir três ediçõ es voltadas para valorização e divulgação de iniciativas culturais de mulheres brasileiras realizadoras na área do audiovisual, agora em 2010, o Ação Mulher - IV Festival do Audiovisual amplia sua programação e estende suas fronteiras para além do Brasil.

Informações
Contato: Izolda Pedrosa
Telefones: (81) 9632-0204 e (81) 3087-2077
Assessoria de Comunicação
SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia
Contato: Mariana Moreira
Telefones: (81) 3087-2086 / 9699-7996

domingo, 7 de novembro de 2010

A "RETOMADA": PARA QUEM?

A ANCINE – Agência Nacional de Cinema - publicou através da OCA – Observatório de Cinema e Audiovisual, dados relevantes sobre os longas-metragens do Brasil comercializados entre o período de 1995, ano que se convencionou chamar de “retomada”, até 2009. Foram 621 longas-metragens ao todo:





Anexo I

A “retomada”, embora pese a favor das mulheres, já que elas abrem este período (Márcia Soberg e Carla Camurati), ainda não possibilitou a equiparação entre a produção fílmica de homens e mulheres. Conforme os dados da ANCINE, percebemos a discrepância dos números ao compararmos a quantidade da produção dirigida por homens em relação às dirigidas por mulheres. Os dados são desoladores, pois mostram uma diferença absurda entre ambos, chegando mesmo a quase nulidade de filmes dirigidos por mulheres, como ocorre em 1999 quando dos 28 filmes lançados, apenas 01 foi de uma mulher. Os diretores se mantêm com alta produtividade e detêm SEMPRE mais de 70% da produção. As mulheres NUNCA chegaram a 30%, já que o seu melhor ano foi em 2005, quando atingiram 28%. Isto porque apenas a categoria sexo foi usada como critério para compor a tabela. Certamente, se outros aspectos fossem considerados, como os étnico-raciais, geração, sexualidade e a classe social dessas mulheres o resultado seria outro, não menos desolador. Em relação à Bahia, vale ressaltar que não existem cineastas baianas com produção lançada comercialmente. Dos 621 filmes, apenas 05 são de diretores (homens) baianos (Jorge Alfredo, Lucas Bombozzi, Edgard Navarro, José Araripe Jr. e Marcelo Rabelo). Além da assimetria de gênero, alarmante pelos dados da ANCINE, a Bahia ainda convive com a disparidade regional, não chegando sequer a 1% (0,80%) da produção comercializada nacionalmente, isto sem contar com a fraca arrecadação. Samba Riachão (2004), de Jorge Alfredo teve um público de 1.330 pessoas; Do outro Lado do Rio (2006), de Lucas Bombozzi, não teve dados de arrecadação divulgados; Eu me lembro (2006), de Edgard Navarro, levou 15.094 às salas de exibição; Esses moços (2007), de Araripe Jr. contou com 2.693 espectadores e, por fim, Batatinha, poeta do samba (2009), de Marcelo Rabelo conseguiu levar 221 pessoas ao cinema.

Apenas para mencionar comparativamente outro país da América Latina, o Cine Cuba cadastrou em seu site 116 cineastas, sendo que 101 homens e 15 mulheres. Em termos percentuais significa dizer que, em Cuba, os homens detêm 87,06% e as mulheres apenas 12,93%.

A ética e o mérito nas produções acadêmicas

Em meio a tantas coisas que nos deixam tristes em nosso cotidiano, eis que nos deparamos com uma postura que muito nos faz acreditar em...