sábado, 21 de novembro de 2009

MULHERES ATRÁS DAS CÃMERAS: NORA EPHRON

Talvez pelo nome poucos a conheçam, mas Nora Ephron escreveu um clássico do gênero comédia romântica, aliás filão que vem sendo incluído no currículo das mulheres seja na condição de diretoras, seja na de roteiristas. Harry & Sally: feitos um para o outro é um desses filmes que provoca inquietações e indignações em mulheres que já superaram a relação de dependência a um homem para se realizarem. O filme apresenta o que há de mais estereotipado nas relações de gênero: uma mulher madura  procurando desesperadamente um marido e um homem maduro tentando superar a rejeição, já que abandonado pela mulher. Aliás ambos terminaram os seus relacionamentos por decisão de seus companheiros. A diretora mostra como homens e mulheres lidam na maturidade com as perdas afetivas.

A maior pressão ocorre por parte dos amigos dele e dela, pois todos querem que eles tenham outra relação para esquecer o trauma do abandono. Harry & Sally, em seu desfecho, apresenta um personagem masculino que decide arriscar novamente. Parte em direção à festa de Fim de Ano, quando ali inciam um percurso juntos. No fim, um começo.

Outros filmes da diretora foram: A Feiticeira (2005), Bilhete Premiado (2000), Mensagem pra você (1999), Sintonia de Amor (1993), os dois últimos com os atores Tom Hanks e Meg Ryan. Em Sintonia de Amor há visível relação intertextual e interdiscursiva com o filme Tarde Demais para Esquecer (Afair to Remember, 1957), parafraseando a cena em que os protagonistas marcam um encontro no Empire State Building.

As mulheres que atuam atrás das câmeras têm escolhido os temas de amor, que falam de relacionamentos, mas que precisam ser vistos de uma forma mais crítica, pois em se tratando de Holywwod e de filmes a serem comercializados, precisamos ver como as mulheres estão se inserindo em uma atividade que tem sido visivelmente um território masculino. Existem contradições, ambiguidades? Elas reproduzem o esquema do "male gaze", sendo apenas porta-vozes ou inserem algum tipo de atrito, ainda que velado, em seus filmes?

Em 2009, Ephron lança Julie & Julia com Meryl Streep, filme baseado na vida de Julia Child, autora de livros de culinária e apresentadora de TV, e de Julie uma jovem que tenta fazer todas as 524 receitas de Child. Talvez seja interessante ver o filme que tem como grande atração, sem dúvida, Meryl Streep.

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